Os munícipes que residem no centro, há muitos anos, acompanham de camarote a degradação na região que ocorre por omissão dos detentores de cargos políticos, Vereadores e Deputados que estão viciados no comodismo, e por sua vez o Executivo e Judiciário que não saem de suas zonas de conforto. Não podemos responsabilizar apenas os atuais representantes, pois o problema é de longa data, grande parte da responsabilidade pode ser atribuída aos representantes de gestões anteriores, como consequência pelo descaso e irresponsabilidade que vem ocorrendo por décadas, surgiram espaços para criminosos e oportunistas agirem, problemas muito conhecidos pelos moradores locais: pichação, roubo de fios, assaltos, crimes ambientais, destruição de patrimônio particular, invasões de áreas públicas, tudo isso é apenas a ponta do iceberg, bastando apenas uma visão mais sensível do tema para vislumbrar a infinidade de problemas.
Pessoas em situação de Rua
Outro problema bem conhecido e que o Poder Público perdeu o controle foi o crescimento de pessoas em situação de rua concentradas em diversos pontos do centro. O Poder Executivo investiu em acolhimentos, mas falhou na abordagem, estratégia e prevenção. Há quem diga que não existem Centros de Acolhimentos suficientes para estes indivíduos, em contrapartida o site da Prefeitura informa todos os endereços dos Centros de Acolhimento que atende diversos públicos, de acordo com a necessidade da pessoa vulnerável:
- Centro de Acolhimento para Adultos aberto 24 horas
- Centro de Acolhimento para Adultos 16 horas (16h às 08h)
- Centro de Acolhimento Especial (Mulheres em situação de rua e Instituição de Longa Permanência para IDOSO)
Apenas em caráter informativo, caso presencie negligência no atendimento do Centro de Acolhimento ou observar péssimas condições de higiene, denuncie no SP156, para melhorar a qualidade do serviço e contribuir para estas pessoas sejam amparadas dentro da legalidade e dignidade humana.
É incontroverso que a maior parte dos Moradores de Rua possuem algum vício (drogas ilícitas ou álcool) e dificilmente procuram o Centro de Acolhimento, sob alegação que os Centros de Acolhimento não tem higiene ou segurança adequados, porém isso é uma inverdade, uma utopia . A realidade que muitos não enxergam é que o morador de rua simplesmente não quer sair da situação ao qual se encontra. Alguns Centros de Acolhimento possui canil e vagas para carroças, dormitórios adaptados para pessoas com deficiência.(Para saber mais acesse o site da Prefeitura de São Paulo.)
- O Ajuda SP Centro não desencoraja o tratamento e amparo das pessoas, mas a forma que é realizada o serviço pelos Assistentes Sociais torna o serviço ineficiente. Outro ponto preocupante são as intervenções dos Órgãos Públicos quando tomadas medidas mais enérgicas para direcionar estas pessoas para os Centros de Acolhida.
No entanto, quando tocamos na ferida, ou seja, orientações para não doar alimento, dinheiro para os moradores de rua, comumente é classificado como: discurso de ódio, sem compaixão ou desumano.
- Mas não é obrigação da Prefeitura cuidar da situação?
- Não seria eles os responsáveis por oferecer recursos e medidas efetivas para dar uma vida digna para essa população?
- O morador de rua que sofre por diversas causas como: problemas psicológicos, neurológicos e, em outros casos, dependência química e psíquica pelo uso de entorpecentes. Como este indivíduo irá sair por livre e espontânea vontade, havendo interferência de ONG´s e pessoas que por ali circulam oferecendo-lhes todo o alimento necessário, incluindo dinheiro, roupas e cobertores para mantê-los nas ruas?
Reflita! A obrigação de cuidar não é do povo, não somos capacitados para tratar estas pessoas. Ao oferecer dinheiro ou alimento não está sendo resolvido o problema do indivíduo, apenas o torna dependente e mais distante da recuperação. Por acaso há certeza que o dinheiro ofertado a essas pessoas serão utilizados para sua subsistência?
Alguns municípios do estado anunciaram campanhas conscientizando a população a Não dar Esmolas. Veja alguns municípios:
- Não dê esmola – Município de Serra Negra
- Não dê esmola – Município de Praia Grande
- Não Dê Esmola, Dê Cidadania – Município de Valinhos
- Não dê esmola, dê Oportunidade – Município de Promissão
- Não dê esmolas, ofereça Dignidade – Município de Guarujá
- Não dê esmola, sua esmola mantem pessoas nas ruas – Município de Divinópolis
As campanhas realizadas nestes Municípios parecem insensatas e preconceituosas, mas existe um propósito fundamentado.
Quando você doa dinheiro, você estimula a pessoa em situação de rua a permanecer na situação em que se encontra. O seu dinheiro serve somente para alimentar o vício da droga e do álcool. Queremos incentivar o uso adequado e comunitário dos espaços públicos, oferecer oportunidades reais e garantir os direitos da população em situação de rua, o que vai muito além do assistencialismo e do voluntarismo – informa a Prefeitura de Promissão
Solicite os órgãos competentes para que possam tomar as providências pertinentes, fomos doutrinados acreditar que dar esmola é praticar uma boa ação, mas será que é realmente uma atitude válida ou você torna a pessoa ainda mais dependente?
Dar esmolas é uma ação arcaica proveniente de um período onde não prevalecia Direitos Humanos e Assistência Social, tampouco existia auxilio do governo e os direitos civis eram questionáveis. Antes destas conquistas, moradores em situação de rua sobreviviam com extremo risco de morte em razão da fome, ficavam expostos as doenças e intempéries climáticas. Em tempos remotos as condições sanitárias da cidade e infraestrutura eram completamente insalubres, não havia controle de pragas e a transmissão de doenças por ratos e outras pragas eram comuns, sendo a mais tenebrosa e conhecida por todos a “Peste Negra”, por óbvio os mais vulneráveis na época eram os mendigos.
A realidade mudou bastante e por mais triste que pareça uma pessoa morar na rua, é improvável que ela morra de fome. Pessoas em situação de vulnerabilidade tem atendimento prioritário e apoio acessível. Confira no site da prefeitura para entender os programas:
- Consultório na Rua
- SMADS – Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social
- Plano Municipal de Políticas para a População em Situação de Rua
É importante que haja uma reflexão voltada a razão, há mais de uma forma de ajudar essa população, doações sem direcionamento técnico não promove a dignidade, tratamento e independência aos vulneráveis. Logo abaixo segue o vídeo do Vereador Rubinho Nunes que entrevistou usuários de drogas na região da Cracolândia e fala do “Movimento Craco Resiste” que doa cachimbos para mantê-los reféns tráfico e também informa que “é dever do Estado é recolher estas pessoas e devolver para o seio da família”.
Se o Poder Público tem instrumentos para resolver o problema, então ele deve exercer seu papel cobrando os órgãos para que melhorem os serviços, tornando-os mais eficientes, contudo, se mesmo assim você sentir a necessidade de ajudar, procure informações sobre alguma ONG que realmente ajude e ampare os necessitados, entidades que ministrem cursos e ampare de forma direcionada a garantir a independência e a recuperação da autoestima das pessoas em situação de rua.
As Cracolândias do Centro
Você pode não se dar conta, mas a maioria aceitou o consumo de entorpecentes e os problemas relacionados a drogadição no centro, há revolta a cerca do tema, mas não há atitudes de rejeição a respeito da problemática que passou a ser rotina.
O consumo de drogas, antes visto como delinquente, marginalizado e inaceitável, tornou-se algo banal. O exemplo é a maconha que está mais comum nas ruas e seu consumo ao ar livre por diversas idades entre jovens e adultos.
Salvo engano acreditar que o consumo de drogas não é caracterizado crime. Segundo a Lei 11.343, de 2006, conhecida como Lei Anti-Drogas, artigo 28 é bem claro:
I – advertência sobre os efeitos das drogas;
II – prestação de serviços à comunidade;
III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
O uso de maconha é a porta de entrada para as drogas mais pesadas, afinal o usuário de qualquer droga compra exclusivamente do traficante. A entrada para o mundo das drogas é amplo e acessível e geralmente é apresentada por amigos ou colegas (escola, faculdade, trabalho, etc) os efeitos do consumo de drogas psicoativas podem ser adversos, conforme dispõe o Dossiê realizado em 2019 pelo Hospital Santa Mônica o consumo da maconha provoca sintomas inesperados:
O efeito das drogas psicoativas, como a maconha, interfere exatamente na liberação e na função desses mediadores químicos. Assim, eles modulam a quantidade de substância liberada, o que resulta em uma série de eventos que descontrolam as sensações. Esse descontrole na química cerebral faz com que o efeito da maconha tenha essa característica de ambiguidade: pode causar alegria ou tristeza, depressão ou euforia, por exemplo. Como esses mecanismos modificam a maneira de enxergar o mundo, a droga pode provocar sintomas inesperados e concorrer para situações de risco, como as ideações suicidas.
Pessoas em situação de rua que consomem drogas pesadas como o crack e sentem a necessidade de consumi-la cada vez mais e mantêm seu vicio através do dinheiro adquirido de esmolas ou quando o ganho não é o suficiente surge a renda alternativa: venda de material reciclável, furtos de fios, furtos nos comércios, lojas e assaltos, portanto um ciclo que não pode ser sustentado pela população.
O Poder Público ampara esses doentes com o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), atualmente com uma rede de 97 CAPS, sendo 32 deles para o amparo de dependentes de Álcool e Drogas. Mas sabemos que não é suficiente, tirar uma pessoa das ruas é um processo que exige abordagem dos assistentes sociais, vontade e interesse do indivíduo, e o obstáculo é ainda maior quando é dependente químico.
A ausência de medidas eficientes por mais de duas décadas cedeu espaço para o surgimento da Cracolândia no bairro Campos Elíseos e dezenas de Minis-cracolândias nos bairros centrais do município. Veja alguns locais que estão espalhados as minis-cracolândias no centro:
- Praça Quatorze Bis;
- Largo São Francisco;
- Rua dos Gusmões;
- Praça da Sé;
- Glicério;
- Rua do Boticário;
- E diversos locais no centro.
Para quem não conhece, existe o Programa Redenção com o proposito de tratar os dependentes químicos, retirar os usuários de drogas localizados no Bairro Campos Elíseos e transferir para os “SIAT´s” (Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica), localizados no Glicério e Armênia.
- Armênia – 200 vagas de pernoite e 100 vagas para atendimento diurno – Rua Porto Seguro, 281;
- Glicério – 200 vagas de pernoite e 200 vagas para atendimento diurno – Avenida Prefeito Passos, 25.
De acordo com o site da Prefeitura, veja a descrição do Serviço realizado:
Acolhimento de curto prazo e de baixa exigência em relação ao usuário; ações de redução de danos em saúde e assistência social; tratamento e acompanhamento em saúde e elaboração do Projeto Terapêutico Singular; trabalho social visando a autonomia do usuário. O serviço oferece alimentação, orientação quanto à higiene pessoal e atividades socioeducativas, como artesanato, oficina de leitura, ioga e exercício físico. Os equipamentos possuem área de lazer e socialização, banheiros, refeitório e bagageiro.
Haverá recusa de migração por boa parte dos usuários e consequentemente haverá fragmentação por toda a região central, aumentando as “minis-cracolândias” existentes e contribuindo para o surgimento de novas, os bairros centrais sofrerão o efeito colateral.
É cultural o Brasileiro deixar tudo para última hora, não trabalhar a prevenção, parece que fomos doutrinados a “Empurrar tudo com a Barriga” acreditando que tudo irá se resolver como uma espécie de milagre. A verdade é que os problemas não se resolvem sozinhos, a mudança começa com iniciativas, atitudes pensadas e inteligentes, respeitando a lei e o próximo, isto é, pensando na coletividade.
Vivemos em pais onde a maioria é cristã, a Bíblia transmite inúmeras mensagens sobre a importância de nossas ações. Somos julgados e colhemos os frutos de nossas ações, não apenas palavras e orações. Leia e reflita:
Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo – 2 Coríntios 5:10
Os nossos governantes são responsáveis pela situação que enfrentamos hoje e sempre teremos a esperança por dias melhores, mas sem a intervenção popular para colhermos bons frutos é impossível que haja melhorias. Nada é de graça, e a história nos ensina a aprender com os erros e cultivar os acertos, uma das lições mais importantes que aprendemos na historia: Grandes conquistas aconteceram travando batalhas no sentido literal e figurado.
Reúna-se com vizinhos e amigos e mãos a massa
A circulação de pessoas nos bairros do centro é gigantesca, afinal o centro concentra um grande número de empresas, comércios e pontos turísticos que por sua vez são alvo de bandidos, oportunistas e desordeiros.
Por outro lado há grupos de pessoas que lutam pelo bairro (ativistas do bem), que investem na preservação do centro, melhorias na zeladoria e segurança, um trabalho ingrato pois é exaustivo e sem reconhecimento. Há um acúmulo de problemas no centro, no entanto a quantidade de pessoas exercendo sua cidadania é limitada. A imagem acima é um exemplo clássico de pessoas que cruzam os braços e os que lutam reclamando nos órgãos competentes.
Alguns cidadãos começam e desistem nas primeiras tentativas, procuram o CONSEG (Conselho Comunitário de Segurança) e Associações de Moradores, depositando esperanças que estas entidades tem a solução de todos os problemas. Sim, são forças a considerar e devem ser procuradas, mas não resolvem todos os problemas, essas entidades fazem um trabalho louvável, pois prezam pela segurança e melhorias no bairro, mas ambos dependem das ações dos moradores. Os Consegs Santa Cecília, Consolação, Bom Retiro, Centro e demais, depende exclusivamente dos moradores:
- Abrir reclamações no SP156 ou Boletins de Boletins de Ocorrência;
- Frequentar as Reuniões mensais;
- Cobrar os órgãos em paralelo (Ouvidoria, Ministério Público, etc);
- Mobilizar seus vizinhos e amigos para esta iniciativa.
Os moradores dos bairros precisam acordar, agir estrategicamente, ações coletivas, afinal todos enfrentam os mesmos problemas. O bairro Campos Elíseos está decadente por causa da conhecida Cracolândia, sofre com a degradação e violência que reflete nos bairros vizinhos que são alvos de crimes, pois os usuários de crack e outras drogas permanecem no local por um longo período, sua permanência não é de 24 horas, eles deslocam-se para outros bairros para pedir esmola, assaltar ou roubar fios, depois retornam para comprar e consumir no bairro Campos Elíseos.
Os bairros precisam se mobilizar de alguma forma, seja ela em forma de protesto, exercendo pressão junto ao Ministério Público, Defensoria e Prefeitura. Não há força maior que a união e o poder está na mão do povo, cabe a ele saber usar.
A Cracolândia é um problema de todos que moram e trabalham no centro, podemos juntos curar os sintomas e também o câncer. Unir para cobrar a revitalização do bairro Campos Elíseos e acabar de uma vez com as “Minis-cracolândias”. Esta responsabilidade não se limita a Prefeitura, Conseg, Associação de Moradores, Policia Militar, Civil, GCM, é uma responsabilidade coletiva, é nosso interesse. Juntos somos mais fortes, mais eficientes e fazemos toda a diferença.
Reflita: A escuridão é a ausência da luz assim como o mal é a ausência do bem e ambos não ocupam o mesmo espaço. A conivência traz consigo a ruína, cede espaço para o mal e nos torna cúmplices.