Cracolândia é um tema complexo e mal interpretado por boa parte da população, tendo em vista que a grande mídia majoritária faz exposições tendenciosas em defesa de ideologias. Em síntese, muitos que defendem a permanência e o público que frequenta a Cracolândia opinam sem vivência ou uma experiência real do problema.
Ativistas como os do coletivo “A Craco Resiste”, “É de Lei” e muitos outros que atuam na região dominada pelo tráfico, militam apenas em defesa de suas ideologias, ou seja, fortalecer politicamente a ideia de legalização das drogas, deturpada sob a ótica de redução de danos como única solução. Intenções ardilosas, não direcionadas a resultados de interesse público.
Os embasamentos adotados por grupos de ativistas pró-Cracolândia, utilizam estudos e metodologias que propõem solucionar problemas complexos, contudo com resultados práticos desastrosos, fato que evidencia a má-fé e o egoísmo de pessoas que fazem da desgraça alheia uma forma de promover os próprios interesses.
Na página do coletivo “A Craco Resiste” há fervor na promoção de uma ideologia, em síntese, trata-se do favorecimento pela legalização das drogas e políticas de não encarceramento, inclusive com total aversão as forças do policiais. Não há divulgação sobre metodologia ou estratégias aplicadas para colaborar com a recuperação dos dependentes químicos, conforme pode ser observado na própria página do coletivo e acompanhando as articulações daquelas pessoas
E se restam dúvidas quanto a veracidade na informação de que ocorreram distribuições de seringas através “kit redução de danos”, saiba que já foi dada publicidade ao fato em reverência a uma suposta legitimidade.
A lei para distribuir as seringas foi aprovada na década de noventa, conforme está descrito no artigo da Folha de São Paulo. Em outra matéria consta que a distribuição de seringas teve como objetivo conter a disseminação do vírus HIV e outras doenças, e o material era distribuído principalmente para usuários de drogas injetáveis.
Sabe quem pagou por isso? Você! Gastos milionários para entregar seringas, preservativos, dentre outros itens no “Kit Redução de Danos”.
Investir em Redução de Danos teve algum resultado positivo na região da Cracolândia?
A metodologia dos movimentos “pró-Cracolândia” e do Ministério da Saúde demonstrou total ineficiência diante de uma demanda tão complexa e polêmica. Preliminarmente é necessário entender que cada país tem suas leis e cultura, portanto não razoável fazer paralelos comparativos, fazer julgamentos de méritos intelectuais embasados nas teorias de outros países como forma de impressionar através da falsa sensação de que lá fora as ideias são mais evoluídas.
De uma forma geral, a redução de danos não promove recuperação, trata-se de uma estratégia inicial de abordagem, o seu propósito não é resgatar o usuário do submundo das drogas, tratá-lo e reintegrá-lo a sociedade. As estratégias das políticas redução de danos são chocantes, se passarem pelo crivo da moralidade e humanidade.
Em dezembro do ano passado (2021), nos EUA foram abertos duas salas para consumo de drogas supervisionadas por agentes de saúde. Leia um trecho do artigo que saiu na Veja:
A cidade de Nova York abriu…duas salas para consumo de drogas injetáveis supervisionada por agentes de saúde. Essa é a primeira iniciativa do tipo nos Estados Unidos. A medida tem como objetivo conter o aumento de doses por overdose. Entre abril de 2020 e abril de 2021, o país registrou 100.000 fatalidades, crescimento de 28% com relação ao ano anterior.
A medida adotada em Nova York daria certo aqui no Brasil? Contribuiria na solução do problema da “Cracolândia” no centro de SP? Certamente não, afinal a cultura no Brasil é outra, as leis são bem mais brandas se comparadas com as dos EUA e outros países de primeiro mundo.
É relevante sempre ponderar:
- Os países que adotaram os métodos que são referências para os coletivos a favor da legalização das drogas no Brasil realmente obtiveram sucesso? Além do que a mídia diz, quais foram os resultados efetivos? Em muitos casos a grande mídia apresenta conteúdos tendenciosos e contrariam a essência informativa que deveriam sustentar.
- Sobre a Redução de Danos na “Cracolândia”, efetivamente houve alguma recuperação dos dependentes? São mais de vinte anos de existência e agora surgiram focos de novos aglomerados em toda cidade.
- Existem países que adotaram a política de redução de danos e não obtiveram êxito, diante de tal realidade, faz-se necessário constantes questionamentos a respeito dos contextos daquilo que é apresentado como solução de primeiro mundo.
- O histórico da efetividade da política de redução de danos no Brasil é tão controverso quanto as ações do Poder Público, ambos tem o cenário como prova incontroversa do erro que cometem diariamente.
Em 2018, o ex-secretário nacional de políticas sobre drogas, Humberto Viana, explanou sobre o tema Redução de Danos e entre outros relacionados as drogas, ocasião em que pontuou de forma bem realista a respeito:
…a Suécia… eles começaram com a redução de danos, não deu certo. Depois colocaram uma política de linha dura, a abstinência. Hoje, houve uma redução considerável no consumo. Então, não tem uma fórmula definida. Nenhum país faz uma política apenas com ampla ênfase em redução de danos para todas as drogas. É recomendável que se faça composição entre políticas de redução de danos, políticas de redução de oferta e políticas de redução de demanda. É necessário o equilíbrio entre essas ações para você ter uma política de drogas efetiva de alguma forma. O problema da política anterior é que ela dava ênfase excessiva à redução de danos, afirma Sr. Humberto Viana.
Os ativistas que defendem a “legalização das drogas” e promovem a “Redução de Danos” não possuem embasamento, uma experiência positivada no Brasil. São defensores da legalização das drogas que utilizam sempre os mesmos argumentos, defendem que os países onde há legalização as drogas e que adotaram a estratégia de redução de danos obtiveram melhores resultados, em contrapartida não admitem questionamentos das diferenças de cenários e contextos.
Redução de danos não trouxe benefício algum no Brasil. Conforme descrito acima, o texto foi retirado da cartilha da Prefeitura de SP, é uma medida superficial, sem resultados na recuperação do dependente químico, mantendo o dependente no ciclo vicioso. Em poucas palavras, causa mais desgraça na vida do usuário porque não trata a causa do problema, mas o coloca em uma forma mais confortável para o consumo.
E quanto a legalização das drogas?
Não podemos esquecer que qualquer Droga não é benéfica para saúde, há ressalva para a Canabis, todavia, a canabis traz benefícios quando manipulada, extraída a substância pela farmacêutica e prescrito por um médico.
Outra questão importante a ser considerada é:
A Holanda é exemplo de êxito na política sobre drogas? Uma matéria escrito pela Gazeta do Povo em 2021 diz que não, leia um pequeno trecho:
Um dado que não é comentado pelos defensores da legalização de drogas é que a Holanda, a capital das drogas da Europa Ocidental se transformou em um “imã para criminosos”. Segundo dados das autoridades da França e Grã-Bretanha, cerca de 80% da heroína usada ou vendida nesses países passou ou foi temporariamente estocada na Holanda. De acordo com relato de um funcionário da alfândega britânica, “a Holanda se tornou o lugar para traficantes de drogas trabalharem. […] É um ambiente que é relativamente livre de problemas do ponto de vista de um criminoso”.
Certamente as autoridades holandesas não previram esse cenário, como também não estimaram o aumento das taxas de uso e dependência e o aumento das taxas de internação por uso descontrolado de maconha. Não por acaso, desde 2011 a política holandesa sobre drogas tem sido alterada, denotando um viés de contração e aumento das restrições, com o banimento de turistas em coffee shops em algumas cidades e a reclassificação do skunk como droga pesada, a mesma classe da cocaína. Este ano, Amsterdam pretende acolher esta política de restrição a turistas.
A grande questão que se coloca é: fosse a política de drogas holandesa o sucesso que se diz, seria necessário esse movimento de retração?
Está evidenciado que a legalização das drogas e a política de Redução de Danos não são soluções eficientes. Por que há quem as defenda? A resposta é simples: defesa de ideologias, interesses pessoais ou mero achismo.
Para entender melhor o assunto e necessário buscar conhecimentos positivados, como por exemplo os da UNIAD (Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas), que realiza pesquisas sobre o tema, inclusive na “Cracolândia”. Segundo pesquisas realizadas pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira pela UNIAD:
Motivações para estar na Cracolândia:
Segundo os usuários, dentre os principais motivos que os levam a frequentar a região estão: disponibilidade da droga (31,2%), segurança de uso entre os pares (20,4%), preço (16,4%) e liberdade para uso (14,8%).
Com os resultados apresentados pela UNIAD, os principais motivos apresentados seriam agravados com a legalização das drogas.
A UNIAD é um dos poucos sites confiáveis, que apresenta resultados de pesquisas serias sobre o tema. a unidade de pesquisa aborda o tema sobre a legalização de drogas no Brasil de forma imparcial, leia trechos do documento:
Nos últimos anos temos assistido a um intenso debate sobre a legalização de drogas no Brasil. A própria intensidade com que esse debate tem sido travado mostra que o assunto drogas produz um efeito nas pessoas, que se sentem levadas a ter muitas certezas e a ficar de um lado ou de outro da legalização. Mostra também que o debate é profundamente ideológico e que, após ouvirmos os lados favoráveis à legalização e à proibição pura e simples, não ficamos mais esclarecidos a respeito da melhor política a ser seguida. Quando somente um dos aspectos de uma política de drogas, ou seja, o status legal de uma droga, torna-se o assunto principal do debate, é como se o rabo estivesse abanando o cachorro e não o contrário.
São muitas informações relevantes, vale a pena fazer uma leitura dos artigos ou assistir os vídeos dos debates a respeito do temas. Há material esclarecedor a respeito da política de redução de danos, legalização das drogas, resultados pesquisas, informações técnicas a respeito do consumo de álcool e outras drogas. São trabalhos científicos, imparciais, isentos de ideologias ou inclinações políticas.
UNIAD sobre a legalização das drogas:
Argumenta-se que a proibição total causaria mais danos do que a legalização total da droga. A grande fraqueza desse tipo de argumento é não levar em consideração que a legalização de uma droga produz um aumento da oferta e, portanto, exporia um número maior de pessoas ao consumo e às suas complicações. Enfatiza-se aqui o comportamento individual do uso de drogas e não se leva em consideração o nível agregado de danos. Por exemplo, se legalizássemos completamente a maconha, uma das possibilidades seria o aumento do seu consumo global e, possivelmente, a maior elevação do consumo se concentraria na população mais jovem, tal qual ocorre com as drogas lícitas, como o álcool e o cigarro.
Provavelmente, com a legalização teríamos, por um lado, a redução do número de crimes mais violentos, mas por outro lado a população mais jovem enfrentaria mais complicações na escola. Além disso, talvez houvesse um aumento do número de pequenos delitos destinados à obtenção de dinheiro para o consumo da droga.
Em 2016 o R7 escreveu a respeito de um estudo que foi realizado em 36 países que legalizaram as drogas e que ocorreu o aumento no número de prisões, Confira no artigo do R7:
Foram avaliados 36 países que despenalizaram, descriminalizaram ou legalizaram o uso de drogas, sobretudo a maconha.
Dos 15 países americanos, 11 tiveram aumento do encarceramento após adotarem política tolerante com o usuário: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Honduras, México, Paraguai, Peru e Venezuela. Já dos 21 europeus, 11 viram aumentar o número de presos: Bélgica, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal e Reino Unido.
O que falta para nosso país tomar o rumo certo, cessar com as parcialidades, afinal estamos falando de pessoas. O consumo de drogas ilícitas já causam um grande estrago em nossa sociedade, deveríamos aprender com tudo isso.
Urge a necessidade de que os promotores de Direitos Humanos passem a trabalhar em conformidade a realidade e buscar resolver o problema com tratamentos comprovados cientificamente, contato com a família e avaliar o teor de proteção que há na autorização para internações compulsórias, ressalvadas as polêmicas, trata-se de uma chance do toxicômano passar por um tratamento psiquiátrico sob o olhar de um medico licenciado e acompanhamento 24 horas por dia.
Pode haver o questionamento de que não existem garantias que o paciente não retornará as drogas, por outro lado, não há certezas, mas possibilidades de uma melhoria na qualidade de vida no período de tratamento, a julgar pelo fato de que o dependente além consumir drogas ilícitas e estar morrendo aos poucos, também fica exposto a inúmeras formas de violência quando está em situação de rua. Exposição ao frio, sem higienização, alimentação, além da supervisão de um poder paralelo que disciplina o mundo das drogas.
A internação compulsória o dependente proporciona dignidade e é mais eficaz, por razões óbvias, após o período de tratamento o paciente deve continuar recebendo assistência profissional com vistas a plena reinserção social.
O Brasil está carente de positivação das medidas de combate a drogadição, além de um combate a hipocrisia e teorias criadas pseudointelectuais que tratam do tema com negligência, visando apenas proteger interesses particulares que não estão vinculados ao interesses da coletividade.
A Cracolândia cresceu, está viva e pulsante por décadas porque não tratam o assunto com a devida seriedade , a incompetência do Poder Público é um mal permanente .