Todos clamam por justiça! Poucos aceitam a correção.
O fato é que o significado da palavra justiça e a forma como a maioria dos brasileiros interpreta não estão harmonizadas.
Partindo do princípio de que justiça diz respeito ao que é correto, justo, aquilo que foi convencionado em um grupo como preceito para obter o sucesso e a paz coletiva, percebe-se que nós, brasileiros, não temos ciência do que é justiça, todavia estamos viciados em solicitá-la.
Aquele que valoriza o direito tem que ter total observância aos deveres, no entanto é justamente na cobrança dos deveres que surgem as alegações de injustiças. Será que o brasileiro acredita que existe justiça sem prevalência dos direitos?
Gostaríamos de uma cidade com menos congestionamentos, mas não recepcionamos bem a ideia de sermos autuados por deixar de sinalizar com seta a mudança de faixa ou por ter estacionado (rapidinho) em local proibido.
A Constituição federal, nossa lei norteadora, em seu artigo quinto deixa claro que:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade […]
O famoso artigo quinto da Constituição é usado como tampa de panela em uma churrascada, considerando que serve de abanador, de prato, de bandeja e as vezes de escudo no final da festa em que todos estão embriagados, em contrapartida quase nunca para tampar a panela e cozinhar o arroz, afinal é a missão do cozinheiro, atribuição que poucos assumem.
Todos amam o “venha a nós”, mas “o vosso Reino” geralmente é ignorado porque muitos não querem assumir responsabilidades e adotar uma postura que exija renúncias.
No centro de São Paulo seguimos com as controvérsias que envolvem a “Cracolândia”, Estação da Luz, Praça Júlio Prestes e Princesa Isabel, Polícias Militar e Civil, Guarda Civil Metropolitana, governador, prefeito, militantes dos sem tetos, coletivos pró-liberação das drogas, movimento LGBTQIA+, profissionais da saúde e assistência social, Defensoria Pública, Promotoria de Direitos Humanos e Cidadania, imprensa, igrejas e frequentadores do fluxo, afinal, diante de tantas confusões, exigências e denúncias, quem está com a razão? Quem realmente reverencia a justiça?
Notadamente nenhum dos envolvidos está preocupado com a justiça ou com o direito.
A lei 11343, de 23 de Agosto de 2003, prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências, mas desde a sua existência nunca foi cumprida no centro de São Paulo.
Somente com base na referida lei já sabemos que estão todos errados, uns por deixar de fazer, outros por cometerem crimes, portanto não há inocentes!
Somos obrigados a tolerar padres, pastores, vereadores, deputados e coletivos que, descaradamente, defendem a violação da lei?
- Opinar ou manifestar é diferente de fazer apologia ou, de qualquer maneira, favorecer ação ilícita promovendo sua representatividade e resistência. Onde estão os deveres? Quem fiscaliza a violação das normas?
Invasores de casas que mencionam com orgulho e arrogância a respeito da função social da propriedade, o que dizem a respeito do valor social do trabalho e da livre iniciativa? Talvez não saibam a respeito da liberdade e dever de trabalhar, afinal não é proibido e trabalhar ajuda na erradicação da pobreza.
Promotoria de Direitos Humanos e Defensoria Pública, o que sabem a respeito da obrigação de fazer em virtude de lei? Em outras palavras, o tráfico de drogas está autorizado e as questões humanitárias só podem ser tratadas na própria “Cracolândia”? Por que não tirá-los de lá e resolver as questões em outros territórios? Muito estranho o interesse em manter intocável o “câncer” no bairro Campos Elíseos.
Padres, pastores e frequentadores do fluxo, será que o amor e solidariedade estão enraizados no bairro Campos Elíseos? Jesus cura, jamais daria “remedinhos” a prestação. A exigência pelo direito em permanecer na “Cracolândia” implica em interesses, diretos ou indiretos, na desgraça alheia, afinal até quando ficarão alimentando pombos e por quais razões?
Políticos, até quando aguardaremos uma resposta com prazos, os falsos moralistas de gestões anteriores prometiam reinserção social, garantiam moradias (hotéis) e até emprego (usuários-varredores), agora os “justiceiros” prometem investir contra a bandidagem, mas o que vemos? Nada, além de um vereador que faz um “teatro policial” para garantir a evidência do seu nome para futuramente pedir votos e ingressar no Governo do Estado.
“Joãos Dórias”, “Maluf`s”, “Lula´s” e “Bolsonaros”, cada um que chega, faz um marketing para fomentar emoções e esperanças dos moradores da região central de São Paulo, mas o fim é previsível, mandato encerrando e a decadência instalada.
Servidores da saúde e da assistência social na “Cracolândia”, existem?
Todos os dias as cenas de horror podem ser observadas no mesmo local e nada acontece, gente derretendo no chão e o número de adictos aumentando, dispensa comentários.
Polícia Civil, considerando que o tráfico na região já tem um histórico de mais de vinte anos, qual o prazo que eles precisam para encerrar um inquérito?
Polícia Militar, até quando o tenente Maxwell vai dar entrevista no programa do Datena para esconder a omissão dos coronéis? Vexatória e imoral a postura do comando da PM, desesperados para esconder a incompetência colocam um “papagaio de pirata” para falar meias verdades em rede nacional, mas trabalhar que é bom, nada.
Guarda Civil Metropolitana, direitos implica em deveres, o delegado é um policial civil, caso ele queira comandar a GCM o concurso é outro! Atribuições são como os trilhos do trem, saindo uma roda toda viagem estará comprometida, coloque-se em seu lugar.
Público LGBTQIA+, não são melhores e nem piores que ninguém, opção sexual não é imunidade diplomática, quem alega tem o ônus da prova e todos tem direito a ampla defesa e ao contraditório, sendo assim, quando registram os “SHOWS” nas redes sociais, deveriam apresentar testemunhas e ficarem atentos as denunciações caluniosas, afinal ser gay não motivo para imputar exclusão e discriminação em tudo, inclusive existem policiais e políticos que são gays, é notório que fazem da questão uma forma de tirarem de foco os próprios erros e atacarem a Administração Pública fiscalizadora.
Imprensa, toda narrativa tem começo, meio e fim, cada denúncia tem o denunciante, o denunciado e suas respectivas versões, assim como também a imparcialidade garante a qualidade da notícia, afinal, todos são inocentes até que se prove o contrário.
Justiça na região central de São Paulo, principalmente na “Cracolândia”, trata-se de um tema que, a princípio, precisa ser conceituado e, talvez, no futuro pós-conscientização passe a fazer parte da realidade dos moradores do bairro Campos Elíseos.
A solução para tanta imoralidade não está na amizade, nem tampouco em fortalecer um grupo com interesses em comum, a luz virá quando todos estiverem convencidos de que a luta não é por vantagens e nem por bandeiras, mas apenas por uma bandeira, a do Brasil.
O Ajuda SP Centro encerra a reflexão fazendo bom uso das palavras do consagrado jurista uruguaio, reconhecido mundialmente, Eduardo Juan Couture Etcheverry (Montevideu, 24 de maio de 1904 – 11 de maio de 1956)
“Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”